18 de dezembro de 2012

Sorriso aberto

Sorriso aberto, olhos desfocados
Murmúrios distantes, palavra incompreendida
Pessoas por perto, abraços desencontrados
Pensamentos de antes, ponto final na vida.

29 de novembro de 2012

Desmilinguida


A desmilinguida e tórrida apática andava pela rua a exibir seu disforme corpanzil, não tão ereto, por conta de uma intrínseca corcunda que aos poucos brotava em meio as suas costas tão drasticamente esqueléticas. Exibia-se como uma imperatriz menina que reina em sua torre de marfim, embora poucos saibam que por detrás de toda esta pompa, coma ela migalha por migalha, do pão que o diabo amassou tão miseravelmente, dia após dia de sua vida assim tão enfadonha, obrigando-se a dividir cada uma destas migalhas com dezenas de outros corpanzis, assim também disformes e substancialmente apáticos.   
Pena a desarticulada, não embasada, talvez precipitada escolha, embora, no fundo, mesmo que inconsciente, saiba ela ainda da oportunidade de reversão, do basta, da não submissão, do redesabrochar, da autoimposição, bem como da recorrência à utilização do poder de persuasão e valorização própria, imaculados em cada qual, que certamente brota de suas entranhas.

31 de outubro de 2012

Brisa morna

Brisa morna, ventos sufocantes
Pingos grossos, agora encorpados
Dores antigas, hoje suplicantes
Pecados antigos, outrora perdoados.

29 de setembro de 2012

Límpidas águas


Límpidas águas transparecendo
Doces e imaculadas ilusões
Simples sentidos enaltecendo
Cores mais belas em difusões.

Híbridos odores resplandecendo
Palavras chistosas auferem sermões
Ouvidos afiados ensurdecendo
Flores perfumadas nas quatro estações.

8 de agosto de 2012

Olhos ruins

Olhos ruins que assim nos seguem
Boca imunda que tão falsa nos diz
Tanta hipocrisia destes que nos medem
Egoísmo disfarçado, seguro por um triz.

10 de julho de 2012

Espera contínua

Espera contínua, que sem fim me persegue
Esforço incrédulo, vem de todo maçante 
Paciência q se vai, já não mais lá se ergue
Incoerente vislumbre, que se segue adiante.

15 de junho de 2012

Varetas oblíquas

Varetas oblíquas, uma ou outra desajustada
Lindas esmilinguidas, uma ou outra assim tão pura 
Em teus olhos obscuros enxergo o nada
Em teus sorrisos encantados encontro doçura.

6 de maio de 2012

Incrédulo desvio

Incrédulo desvio inabitado
Benevolente estorvo definitivo
Incoerente vazio desesperado
Desolado, encefálico e distintivo.

Irrevogável marginal atormentado
Inconsistente, dúbio, assim tão rijo
Pedante, ignorante, desajustado
Sofres doente, no esconderijo.

17 de abril de 2012

Dor enfática

Dor enfática que dantes desdenhava-me
Esfacelei-a tão doce assim
Cravelhei-lhe no âmago que sempre apunhalava-me
Espurguei-a certeira pra longe de mim.

Miúdos sentidos, estribilho amargurado
Imundice diurna que logo chegou ao fim
Vívido suplício outrora eternizado
Esvaiu-se tão quanto antes já vim.

1 de março de 2012

Intrínseca podridão

Intrínseca podridão desenfreada
Sórdida dor, tola e incalculável assim
Encoberta por uma alma amargurada
Hostil, imunda, pregada em mim.

Desiludida, na lama, embatumada
Córrego de sangue, maldito e seco capim
Que me consuma logo a alma, já desgraçada
E estanque o jorro, ponha logo um fim.

23 de fevereiro de 2012

Solitude magnífica

Solitude magnífica transcendendo-me a alma
Quietude conceitual roubando-me a calma
Discórdia infinita que me invade a solidão
Insígnia amenidade, fulgaz e sem noção.