A desmilinguida e tórrida apática andava
pela rua a exibir seu disforme corpanzil, não tão ereto, por conta de uma intrínseca
corcunda que aos poucos brotava em meio as suas costas tão drasticamente
esqueléticas. Exibia-se como uma imperatriz menina que reina em sua torre de
marfim, embora poucos saibam que por detrás de toda esta pompa, coma ela
migalha por migalha, do pão que o diabo amassou tão miseravelmente, dia após
dia de sua vida assim tão enfadonha, obrigando-se a dividir cada uma destas
migalhas com dezenas de outros corpanzis, assim também disformes e
substancialmente apáticos.
Pena a desarticulada, não embasada, talvez
precipitada escolha, embora, no fundo, mesmo que inconsciente, saiba ela ainda
da oportunidade de reversão, do basta, da não submissão, do redesabrochar, da
autoimposição, bem como da recorrência à utilização do poder de persuasão e
valorização própria, imaculados em cada qual, que certamente brota de suas
entranhas.