Outrora tive dúvidas tão selvagens
Sentia o corpo jogado às margens
E a alma um tanto despercebida
Dor mais cruel de minha vida
Cavei um buraco um tanto fundo
Inverti e devastei todo meu mundo
Rabisquei meu diário favorito
Soterrei o que tinha de mais bonito
Eu tinha um sorriso curto
Eu falava tão mais livremente
E a amargura me provocava surto
E o corpo comunicava descrente
Então me vejo tão tímida agora
Eu não era assim, eu fui embora
Ao fugir da arrogância de certo olhar
Meu livre discurso estava a minguar
E me deparo com uma leveza que cura
Com a maravilha de uma alma pura
Mergulho profundo no céu encantado
Saltei do buraco que havia cavado
Meu discurso hoje é movimento
Meu saber está neste mais puro olhar
Trabalho a escuta do pensamento
Compartilho a essência do que é amar
Curtas palavras, longos sorrisos
É desta forma que quero propagar
A delicadeza sem tantos avisos
O ser de verdade e a verdade no estar.