23 de fevereiro de 2010

Irrefutável Destino


     Irresoluto sobre as almas que ali esplandeciam, permanecia a incoerente besta, pairando num céu profundo e obscuro.

      Eis a maleficência da vida aberta, por entre laços incríveis de medíocre melancolia, infindável no pensamento sádico desse asco, que tentava definir a pura existência de cada indivíduo exuberante, que repousava em seus arrabaldes, tentando tornar-se apto a sucedê-lo, sem que este pudesse perceber.

      Aquele funesto que se achava imponente e magnífico, dotado das mais soberbas sabedorias, mal sabia que andava sendo espreitado por pequenas criaturas que tentavam perfurar-lhe os olhos, destruir-lhe as entranhas, arrancar-lhe seu imundo conhecimento, na estúpida expectativa de sentir nas veias uma força que nunca lhes pertencera e nem ao menos o atraiçoado o havia também possuído.

      Bem aventuradas as sinestesias acopladas nos confusos pensamentos de cada ser provido de tal coragem e de espírito revolucionário, sendo estas as mais amenas das desordens que compunham tais reflexões.

      Incomodados com tanta imposição, enojados com constantes inclemências, uniram-se fortes e decididos a, naquele devido momento, apunhalar o que se dizia onipresente, mas que somente se encontrava estatelado em seu leito noturno, como um porco que acabara de se empanturrar.

      Pés ante pés, seguia a multidão com caras firmes e incrivelmente apavoradas, mal iluminadas por escassas chamas, que provinham de velas apertadas com ódio por mãos trêmulas, que ansiavam o sangue de uma vingança.

      O escroto todo poderoso aos poucos era cercado por um conjunto homogêneo e raivoso, desprovido de racionalidade, movido a impulsos e a desejos incontroláveis que num piscar de olhos estraçalharam aquela horrenda massa disforme que compunha o corpo adormecido, transformando-o em minúsculas migalhas estateladas, que foram atiradas ao chão abatido por puro barro avermelhado pelo sangue envenenado que havia jorrado há pouco, abundantemente.

      Calados, cada indivíduo ria um riso gostoso e infectado por rancor e horror, com maldade escorrendo por entre os dentes e olhos profundos e saciados apontando um irresoluto infinito.

      Assim, uma descomunal missão fora bizarramente concluída e, por fim, cada acorde de um som tremendo e incompreensível deixou subitamente de se estender por entre os vazios dos ventos uivantes que compunham aquele doentio final de noite.